- Área: 248156 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Li Yao, Jinrong Huang
Urbanização e contexto urbano
Localizado na cidade de Hangzhou, no estremo leste da China, o Green Office Complex encontra-se imerso em um contexto único e bastante sensível. Cerca de quinhentos metros ao sul do terreno há uma enorme área pantanosa.
As Wetlands de Hangzhou representam uma complexa rede de ecossistemas associados às zonas húmidas urbanas e agrícolas, além de uma valor cultural local incalculável. Entretanto, devido a sua localização no coração de uma cidade em vertiginoso processo de crescimento, ao longo dos últimos anos o pântano de Hangzhou tem sido ameaçado por um voraz processo de urbanização. A proteção destas áreas alagadiças, ainda mais em um contexto urbano, é uma oportunidade única para valorizar a cultura local, a economia agrícola e a qualidade de vida dos seus habitantes.
A proximidade do terreno com as wetlands ao sul, fez com que os arquitetos da gad propusessem uma abordagem mais sensível para um projeto desta magnitude na tentativa de propor uma nova solução que pudesse inspirar outros projetos no futuro. Isso porque o governo local tem incentivado cegamente o processo de urbanização de Hangzhou, onde novas áreas residenciais para a população de alta renda estão se multiplicando rapidamente e de maneira alarmante.
O terreno do projeto é bastante regular e com quatro vias de acesso. Um canal de sessenta metros de largura atravessa o terreno no sentido leste-oeste para desembocar junto às áreas alagadiças das wetlands mais ao sul. Um corredor verde perpendicular ao canal foi projetado de forma a permear o terreno, criando uma conexão paisagística de norte a sul que corta o cantal e chega até o pântano de Hangzhou. Estas duas operações dividem o terreno em forma de cruz, definindo os espaços edificáveis e dando fluidez a uma natureza que tem sido contida forçadamente. O resultado disso é um enorme parque urbano que integra todos os edifícios do Green Office, convidando as pessoas a desfrutar de um espaço urbano vibrante e sustentável.
Estas estratégias paisagísticas forneceram as bases para definirmos a implantação dos edifícios na periferia definindo um grande pátio central. Exploramos uma intensa relação espacial entre o interior e o exterior, criamos uma diálogo franco entre os espaços de trabalho e a paisagem natural do lado de fora, reverberando as características naturais das áreas pantanosas de Hangzhou. O projeto de paisagismo foi concebido de forma a criar um contexto vibrante que destaca as belas características urbanas e culturais da cidade. Finalmente, esta arquitetura de linhas delicadas e fluidas funciona como uma moldura urbana, um pano de fundo alegre e sóbrio que ilumina o mais novo parque urbano de Hangzhou.
Formas que definem o espaço
Procuramos desenvolver um projeto de arquitetura que favorecesse a “urbanidade” e a “integração” destes espaços públicos junto ao tecido urbano existente. Para isso estudamos diversas tipologias e estratégias de projeto para adaptá-los à melhor maneira a este contexto específico. Depois desta série de levantamentos chegamos às seguintes conclusões: primeiramente, a integração entre espaços internos e externos, permeabilidade e clareza estrutural; em segundo lugar, ocupando as quatro esquinas do terreno, os edifícios deveriam conformar claramente um pátio central como na tradicional arquitetura chinesa. Além disso, a tecnologia deveria ser utilizada para promover três “elementos de projeto”, ou seja, uma envoltória simples, permeabilidade e transparência e integração ao contexto local.
O resultado destas operações formais não apenas define o domínio do espaço público mas o conecta de forma eficiente ao tecido urbano da cidade e a paisagem natural existente, convidando a comunidade local a apropriar-se do espaço, e servindo de intermediador entre a paisagem urbana e natural de Hangzhou. Internamente procuramos por soluções bastante simples, reduzindo os volumes fechados e maximizando os espaços abertos, flexíveis e bem iluminados. As vantagens das operações paisagísticas que atravessam o terreno e o conectam com o canal se refletem também nos espaços interiores dos edifícios. A paisagem não apenas se infiltra no terreno mas ela se estende de forma horizontal, expandindo a paisagem pantanosa para dentro do edifício e principalmente nos terraços jardins da cobertura, resultando em uma integração harmônica e sensível da arquitetura com a paisagem.